Os
carboidratos, particularmente os açúcares, exercem um papel fundamental na
formação da cárie dentária como fonte de energia para a manutenção do
metabolismo bacteriano e conseqüentemente para a formação de ácidos de fermentação
e como matéria prima para a síntese de macromoléculas, particularmente os
polissacarídeos extracelulares, mas também exercem um papel não menos
importante que é o de exercerem uma força osmótica devido à alta concentração
de açúcar que muitas vezes se encontra na superfície do dente. Por exemplo, uma
bala mole tipo “Toffe” ou um chocolate contém aproximadamente 50% de açúcar.
Para entendermos melhor a ação osmótica do açúcar sobre o dente, devemos
primeiramente definir o conceito de osmose. Osmose é o fenômeno pelo qual a
água passa de uma solução mais diluída para uma solução mais concentrada de
soluto quando essas soluções estiverem separadas por uma membrana
semipermeável. Se fizermos uma analogia com o dente teremos um fenômeno
semelhante sendo que a solução
concentrada de açúcar está na superfície do dente e a solução diluída em
seu interior, constituída pela água de solvatação dos prismas do esmalte. Pela
ação osmótica do açúcar na superfície do dente resulta uma movimentação de água
do interior do esmalte para a sua superfície, provocando uma desidratação
temporária do esmalte. Como o esmalte está intimamente integrado à dentina
subjacente, por meio da junção amelo-dentinária, a tendência é de que a água da
dentina passe para o esmalte a fim de restabelecer a condição de concentração
primitiva. Normalmente este fenômeno é restabelecido em seu equilíbrio sem
outras conseqüências, mas quando o fenômeno é repetido freqüentemente resulta
um desequilíbrio entre a superfície do esmalte e o seu interior promovendo um
fluxo maior de liquido da dentina para a superfície do esmalte com danos para a
integridade de sua estrutura, isto é, muitos íons importantes para o equilíbrio
químico do esmalte podem estar deficientes como também produtos metabólicos da
dentina, particularmente o ácido láctico. podem ser carreados para a superfície
do esmalte com risco de alterar a sua permeabilidade. Publicamos um trabalho
experimental, juntamente com colaboradores, demonstrando que aplicando uma
solução de açúcar na superfície de um dente jovem hígido, após 20 minutos de
exposição aparece na solução de açúcar o ácido láctico proveniente do metabolismo dentinário ( Rev. Ass. Paul. Cir.
Dent. 1981. março-abril, 35(2): 106-108.). Portanto, podemos concluir que o
açúcar é o elemento chave da produção da cárie dentária pelas seguintes
condições: 1- Fonte de energia para o metabolismo bacteriano. 2- Matéria prima
para a síntese de macromoléculas principalmente de polissacarídeos
extracelulares. 3- Ação osmótica sobre a superfície do esmalte.
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