domingo, 1 de novembro de 2015

ETIOLOGIA DA CÁRIE DENTÁRIA: FATORES DESENCADEANTES (CONCEITO GERAL)

Os fatores externos ao dente se encontram na cavidade bucal e estão em contato com a superfície do esmalte onde agem diretamente por um período de tempo necessário  no sentido de produzirem alterações da estrutura dentária. Todavia, podemos ainda considerar como fatores predisponentes, mas de ordem anatômica, as alterações estruturais e morfológicas do próprio dente. Assim, dentes mal posicionados, superfícies rugosas e, portanto, retentivas, são mais susceptíveis à cárie. No que concerne aos fatores desencadeantes, isto é, os agentes destruidores do esmalte dentário e, portanto, causadores da cárie, encontram-se na cavidade bucal num determinado tempo em que possam interagir entre si. O resultado dessa interação pode causar a dissolução da superfície do dente e promover a cárie ou se dissipar sem causar dano ao dente. O equilíbrio entre os fatores defensivos e os agressivos é que vai determinar o aparecimento ou não da cárie. Podemos começar com a alimentação como um dos fatores desencadeantes da cárie, pois o tipo de alimento que ingerimos pode ser agressivo ao dente de várias maneiras. Alimentos ou bebidas de natureza ácida podem, com o tempo, produzir descalcificação da superfície do dente tornando-o mais susceptível ao ataque de agentes agressores externos. Alimentos pastosos e retentivos que aderem à superfície do dente dificultando a sua limpeza também contribuem para aumentar a suscetibilidade do dente à cárie. Porém, os agentes mais importantes da alimentação no que diz respeito à incidência da cárie são, indiscutivelmente, os carboidratos, principalmente os açúcares ( doces, balas, confeitos, chocolates, etc.). Qual a razão de serem os carboidratos os principais componentes da alimentação responsáveis pela cárie? Para podermos explicar esta questão temos que considerar a interação dos alimentos com as bactérias que se encontram alojadas na superfície do dente e, também, a ação direta dos carboidratos sobre a superfície do dente. Os carboidratos, particularmente os açúcares servem de nutrição para  as bactérias se manterem em atividade seja no seu metabolismo como na sua reprodução pois lhes fornece a energia necessária que sustenta todas as suas atividades. Além de ser o combustível para a produção da energia bacteriana os carboidratos, particularmente a sacarose (açúcar comum), servem também de elementos de fixação das bactérias na superfície do dente através da síntese de polissacarídeos insolúveis que agem como cola para a firme aderência das bactérias na superfície do dente. A formação da chamada Placa Dentária se deve particularmente à presença desses polissacarídeos. Mas, a principal ação dos carboidratos no que diz respeito à formação da cárie é justamente servir de substrato para a fermentação bacteriana produzindo os ácidos que em contato com a superfície do dente irão dissolver gradativamente o esmalte e posteriormente a própria cavitação do dente. No que diz respeito à natureza bacteriana, isto é, aquelas que são mais agressivas ao dente e, portanto, com maior poder cariogênico, vai depender  de seu poder de sobrevivência com relação às outras bactérias, quer dizer, a sua capacidade acidogênica e acidófila, como também o seu poder de colonização da superfície do dente. Qualquer bactéria que tenha esses atributos é potencialmente cariogênica.
 Por outro lado, a aderência de açúcares (balas pegajosas, gomas de mascar, doces pastosos, etc.) na superfície do dente exerce uma pressão osmótica sobre o dente podendo, com o tempo de permanência, alterar a distribuição de líquidos tanto do esmalte quanto da dentina e, portanto, tornar o dente mais permeável  ao ataque ácido das bactérias. Citamos como principais agentes desencadeantes da cárie os carboidratos e as bactérias, mas não podemos nos esquecer da própria saliva que exerce uma função importante na defesa do dente e dos tecidos moles da boca contra os agentes agressores. A saliva Possui basicamente duas funções importantes, a saber: A limpeza mecânica dos dentes e tecidos moles removendo continuamente os elementos estranhas à cavidade bucal e agindo como um fator antibacteriano mediante a ação de substâncias químicas com poder anti-séptico como é o caso dos tiocianatos e alguns anticorpos. A importância da saliva como agente protetor das estruturas bucais se faz bem evidente quando da sua diminuição ou mesmo da sua ausência ( xerostomia) em que se observa uma incidência elevada da cárie( cárie rampante). Concluindo podemos dizer que a cárie dentária é um processo destrutivo do dente para o que participam vários fatores tanto de ordem interna quanto externa e que ambos são necessários para que  ela se estabeleça.

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