TRANSCRIÇÃO DO DNA
As características
hereditárias que são transmitidas de pais para filhos se devem a uma propriedade
fundamental dos seres vivos pela qual se mantém a perpetuação da espécie. Esta
propriedade dos seres vivos de transmitirem aos seus descendentes as suas qualidades
específicas repousa sobre uma molécula altamente diferenciada que tem a
capacidade de armazenar todas essas propriedades em forma de código que é o
DNA. Na verdade, o DNA é a molécula da hereditariedade cuja capacidade de armazenar
todas as características da espécie se assenta na forma como é disposta todas
essas informações. A natureza usou a forma de código para armazenar as
informações genéticas por várias razões: primeiro por ocupar menor espaço
dentro da molécula, segundo por apresentar a possibilidade de mudanças quando
assim for necessárias como, por exemplo, numa mutação para melhor desempenho do
ser vivo e terceiro por ser mais facilmente traduzido pelos mecanismos de
reconhecimento da mensagem como na síntese de proteínas pelos ribossomos. Para que
o código genético contido na molécula de DNA possa ser traduzido na forma de proteínas
é necessário que ele seja transportado até o local onde se encontram os
ribossomos, isto é, o retículo endoplasmático rugoso que se localiza no
citoplasma ao passo que o DNA está trancafiado dentro do núcleo. Portanto, há
necessidade de se transportar a informação do DNA para os ribossomos a fim de
ser traduzida. Para esse desiderato existe um mecanismo preciso de se copiar
uma informação do DNA e leva-la até o citoplasma sem qualquer alteração
mediante o concurso de uma outra molécula especialmente destinada a esta função
que é o RNA mensageiro (RNAm). Então podemos entender por transcrição o
processo pelo qual um trecho da molécula do DNA é copiado e transcrito na
molécula do RNA. No processo de transcrição se copia um determinado trecho do
DNA de cada vez que corresponde a um gen ou gene. O mecanismo de transcrição é
muito complexo e envolve muitos fatores além da enzima RNA polimerase que vai
construir (sintetizar) a molécula do RNA correspondente. Existe em cada trecho
do DNA correspondente a um gene uma limitação tanto no início quanto no final o
que é necessário para que a cópia seja limitada exclusivamente a este fragmento
selecionado. O início do trecho do DNA a ser copiado está marcado com uma
sequência de bases nitrogenadas específicas (TATA) que é reconhecida pelos
fatores de iniciação. A este ponto especial do trecho de DNA denominamos de PROMOTOR.
E o final do fragmento que está sendo copiado o de TERMINAÇÃO, reconhecido
agora somente pela RNA polimerase. Para
dar início a uma cópia de uma
tira da molécula de DNA é necessário antes que os fatores de iniciação abram
uma abertura na molécula de dupla fita do DNA,
pois somente uma das fitas do DNA é copiada, justamente aquela que não
contém o código desejado. Isso se explica porque no momento da síntese proteica
nos ribossomos será traduzida a fita complementar que não foi copiada e que
continha a informação desejada pelas moléculas do RNA transportador de
aminoácidos. Assim, a proteína formada será correspondente ao código do DNA que
não foi copiado pelo RNA mensageiro. Por outro lado, o RNA recém-sintetizado pela
RNA polimerase não está totalmente acabado para partir rumo aos ribossomos, mas
deve ainda sofrer algumas modificações dentro do núcleo antes de iniciar sua
viagem para o citoplasma, isto é, muitos trechos do RNA recém-formado não
correspondem a nenhum código e por isso devem ser retirados do RNA a fim de prepara-lo para o transporte contendo
somente a informação completa do DNA. A molécula do RNA recém-formada é constituída
de dois trechos distintos na sequência dos nucleotídeos, isto é os EXONS e os
INTRONS. Os exons contêm a informação correta e os introns não, portanto os introns
são removidos enzimaticamente deixando na molécula do RNA modificado somente os
exons e assim podem partir para os ribossomos com livre passagem pelos poros
nucleares.