A
peregrinação do ser humano pela Terra se assemelha ao curso de um rio; nasce de
uma fonte e aos poucos vai se avolumando até formar um riacho e com o tempo um
rio caudaloso que segue o seu destino até o final de seu curso quando
desaparece nas águas do mar. Neste percurso entre a fonte e o mar deve
atravessar solos que lhe imprimem modificações tanto em seu curso quanto na
qualidade de suas águas. Muitas vezes deve arrastar consigo troncos e galhos; lama;
areia e sujeira que lhe são atiradas, transformando suas águas, antes limpas,
em imundícies; outras vezes deve percorrer corredeiras apinhadas de pedras
pontiagudas; outras vezes despencar-se em desfiladeiros de grandes alturas para
reiniciar mais abaixo o seu curso e finalmente se dissolver no mar. Todavia,
qual seja o rio, ele nasce de águas límpidas da fonte e por um período de tempo
do seu percurso mantém ainda a limpidez original que corresponde ao período da
infância de todos nós. Somente quando adentramos a maturidade é que essas águas
se turvam tanto pelos caminhos que escolhemos quanto pelas imundícies que nos
são atiradas. Mas, independente do trajeto que percorremos em nossa existência,
teremos que no final do curso nos entregarmos ao mar da vida.
RECORDAÇÕES DA INFÂNCIA
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