quinta-feira, 4 de setembro de 2014

FLÚOR E SÍNTESE DE HORMÔNIOS TIREOIDIANOS




Os hormônios da glândula tireóide são de grande importância para a regularização do metabolismo celular. São essenciais ao crescimento e maturação óssea, no crescimento e maturação do sistema nervoso, no metabolismo basal e no controle da temperatura corporal. Na verdade, os hormônios tireoidianos atuam praticamente em todas as células do organismo. Seus receptores estão localizados no núcleo celular, por essa razão atuam diretamente nos genes. A síntese dos hormônios da tireóide se realiza dentro dos folículos, constituídos das células foliculares e do colóide. A primeira etapa da síntese dos hormônios tireoidianos se faz pela captação do iodeto da corrente circulatória dos vasos sanguíneos que irrigam os folículos. O transporte do iodeto para o interior da célula se faz por meio de transporte ativo com consumo de ATP.  A proteína transportadora se localiza na membrana basal com o grupamento amino para o meio exterior e o grupamento carboxila para o interior da célula. Este transportador é específico para os íons sódio e iodeto. Na verdade para cada dois íons de sódio transportado segue-se um íon iodeto. Este tipo de transporte é chamado de – “NIS symporter” – pois o iodeto segue o fluxo de sódio para o interior da célula devido ao gradiente de concentração de sódio existente entre o meio exterior e o interior celular. Na verdade o iodeto pega carona com os íons sódio. É considerado como transporte ativo porque utiliza a energia do ATP (ATPase) para bombear o sódio para fora da célula, restabelecendo novamente o gradiente de concentração. O iodeto concentrado dentro da célula folicular é por sua vez transportado para o colódio por  uma outra proteína denominada – pendrina. No colódio o iodeto é oxidado a iodo pela enzima  peroxidase tireoidiana, usando como oxidante a água oxigenada. O iodo é incorporado aos resíduos de tirosina da tireoglobulina formando a monoiodotirosina (MIT) e a diiodotirosina (DIT) pela mesma enzima peroxidase.. Posteriormente se dá o acoplamento dos resíduos de monoiodotirosina e diiodotirosina ente si formando os hormônios triiodotironina (T3) e tetraiodotironina (T4). A tireoglobulina carregada dos resíduos iodinados é aprisionada por vesículas da membrana apical através do processo de endocitose e incorporada ao citoplasma celular. No interior do citoplasma essas vesículas são digeridas pelas enzimas lissosomais liberando as moléculas de tireoglobulina. Em seguida as moléculas de tireoglobulina são digeridas por enzimas proteolíticas (proteases) liberando os hormônios T3 e T4 e os radicais de tirosina iodinados ( MIT e DIT). Finalmente MIT e DIT são desiodinados, liberando os íons iodeto para uma nova reciclagem e os hormônios T3 e T4 lançados na corrente sanguínea. Agora vamos considerar a inibição do fluoreto na síntese dos hormônios tireoidianos. Tanto o flúor como o iodo pertencem à mesma classe de elementos chamados –halógenos – que se caracterizam por serem muito eletronegativos, sendo que o flúor é dentre eles o mais eletronegativo o quer dizer que o flúor tem a capacidade de deslocar os outros elementos numa reação química.  A inibição do fluoreto da síntese dos hormônios  T3 e T4 está justamente na competição deste íon pelo iodeto na molécula do transportador (NIS symporter). Isto é, o fluoreto por ser mais eletronegativo ocupa o sítio do transportador reservado ao iodeto bloqueando o seu transporte para o interior do folículo. Esta inibição é do tipo competitiva, isto é, depende da concentração relativa dos dois íons. Como resultado final da inibição do fluoreto pelo transporte de iodeto, vai formar-se menos T3 e T4 pelo folículo, causando um estado de – hipotireoidismo. (Clique na imagem para aumentar o seu tamanho).








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