FLÚOR E SÍNTESE DE HORMÔNIOS TIREOIDIANOS
Os hormônios
da glândula tireóide são de grande importância para a regularização do
metabolismo celular. São essenciais ao crescimento e maturação óssea, no
crescimento e maturação do sistema nervoso, no metabolismo basal e no controle
da temperatura corporal. Na verdade, os hormônios tireoidianos atuam
praticamente em todas as células do organismo. Seus receptores estão
localizados no núcleo celular, por essa razão atuam diretamente nos genes. A
síntese dos hormônios da tireóide se realiza dentro dos folículos, constituídos
das células foliculares e do colóide. A primeira etapa da síntese dos hormônios
tireoidianos se faz pela captação do iodeto da corrente circulatória dos vasos
sanguíneos que irrigam os folículos. O transporte do iodeto para o interior da
célula se faz por meio de transporte ativo com consumo de ATP. A proteína transportadora se localiza na
membrana basal com o grupamento amino para o meio exterior e o grupamento
carboxila para o interior da célula. Este transportador é específico para os
íons sódio e iodeto. Na verdade para cada dois íons de sódio transportado
segue-se um íon iodeto. Este tipo de transporte é chamado de – “NIS symporter” – pois
o iodeto segue o fluxo de sódio para o interior da célula devido ao gradiente
de concentração de sódio existente entre o meio exterior e o interior celular.
Na verdade o iodeto pega carona com os íons sódio. É considerado como transporte
ativo porque utiliza a energia do ATP (ATPase) para bombear o sódio para fora
da célula, restabelecendo novamente o gradiente de concentração. O iodeto
concentrado dentro da célula folicular é por sua vez transportado para o
colódio por uma outra proteína
denominada – pendrina. No colódio o iodeto é oxidado a iodo pela enzima peroxidase tireoidiana, usando como oxidante
a água oxigenada. O iodo é incorporado aos resíduos de tirosina da
tireoglobulina formando a monoiodotirosina (MIT) e a diiodotirosina (DIT) pela
mesma enzima peroxidase.. Posteriormente se dá o acoplamento dos resíduos de
monoiodotirosina e diiodotirosina ente si formando os hormônios triiodotironina
(T3) e tetraiodotironina (T4). A tireoglobulina carregada dos resíduos
iodinados é aprisionada por vesículas da membrana apical através do processo de
endocitose e incorporada ao citoplasma celular. No interior do citoplasma essas
vesículas são digeridas pelas enzimas lissosomais liberando as moléculas de
tireoglobulina. Em seguida as moléculas de tireoglobulina são digeridas por
enzimas proteolíticas (proteases) liberando os hormônios T3 e T4 e os radicais
de tirosina iodinados ( MIT e DIT). Finalmente MIT e DIT são desiodinados,
liberando os íons iodeto para uma nova reciclagem e os hormônios T3 e T4
lançados na corrente sanguínea. Agora vamos considerar a inibição do fluoreto
na síntese dos hormônios tireoidianos. Tanto o flúor como o iodo pertencem à
mesma classe de elementos chamados –halógenos – que se caracterizam por serem
muito eletronegativos, sendo que o flúor é dentre eles o mais eletronegativo o
quer dizer que o flúor tem a capacidade de deslocar os outros elementos numa
reação química. A inibição do fluoreto
da síntese dos hormônios T3 e T4 está
justamente na competição deste íon pelo iodeto na molécula do transportador
(NIS symporter). Isto é, o fluoreto por ser mais eletronegativo ocupa o sítio do
transportador reservado ao iodeto bloqueando o seu transporte para o interior
do folículo. Esta inibição é do tipo competitiva, isto é, depende da
concentração relativa dos dois íons. Como resultado final da inibição do
fluoreto pelo transporte de iodeto, vai formar-se menos T3 e T4 pelo folículo,
causando um estado de – hipotireoidismo. (Clique na imagem para aumentar
o seu tamanho).
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