Radicais livres são radicais químicos
que apresentam um excesso de elétrons livres e por essa razão são muito
reativos, combinando-se facilmente com estruturas importantes da célula como
lipídios, proteínas e ácidos nucléicos, produzindo alterações estruturais e
funcionais dessas substâncias com repercussões no funcionamento da célula.
Desses radicais os mais importantes são as espécies de oxigênio reativas (
ROS), geradas durante o processo de fosforilação oxidativa nas mitocôndrias.
Para entendermos esse processo biológico conhecido como respiração celular é
necessário termos alguns conhecimentos do metabolismo celular. Todas as células
do organismo para manterem suas atividades vitais necessitam de energia que é
produzida pela oxidação dos alimentos, particularmente os carboidratos. Sendo
assim, a glicose proveniente da degradação enzimática dos diversos carboidratos
é oxidada no interior da célula produzindo gás carbônico, água e energia. A
energia produzida na respiração celular é armazenada na forma de uma molécula
altamente energética conhecida como ATP ( adenosina trifosfato). O ATP é então
a energia útil do metabolismo celular e por isso essencial à vitalidade das
células. A síntese do ATP se dá nas organelas celulares chamadas mitocôndrias. A estrutura da
mitocôndria já está aparelhada para desempenhar esta importante função celular,
estruturada por duas membranas lipoprotéicas
e um compartimento interno denominado de matriz mitocondrial. Entre as
duas membranas existe o espaço intermembanas. É na membrana interna que se
realiza o processo de fosforilação oxidativa e a síntese do ATP. Os elétrons
provenientes do Ciclo de Krebs, localizado na matriz mitocondrial, passam para
os transportadores de elétrons localizados nas cristas da membrana interna até
o final da cadeia onde são convertidos em água. Durante a passagem dos elétrons
pelas proteínas transportadoras da cadeia respiratória forma-se um potencial
elétrico capaz de bombear os cátions hidrogênio da matriz para o compartimento
inermembrana, aumentando a concentração desses íons neste espaço. Essa
concentração de prótons no espaço inermembrana é a força motriz que vai
promover a síntese de ATP por um complexo protéico denominado de – ATP sintase.
Esse complexo é constituído de 29 polipeptídios, distribuídos em estruturas
especiais de acordo com a sua função. Dessa forma, a estrutura que se localiza
no interior da membrana interna comunicando a matriz com o espaço inermembrana,
denomina-se – Fo ATPase e a estrutura que se localiza na matriz de – F1 ATPase.
Conectando a F0 ATPase à F1 ATPase existe um feixe de proteínas denominado de –
Eixo. O funcionamento da ATP sintase é muito complexo, mas podemos
simplificá-lo da seguinte maneira: Como existe um gradiente de prótons entre o
espaço inermembrana e a matriz mitocondrial a tendência é a de passar prótons
no sentido da matriz, mas este fluxo de prótons só pode transitar pela ATP
sintase uma vez que a membrana interna é impermeável aos prótons. A passagem
dos prótons pela F0 ATPase provoca uma alteração conformacional deste complexo
que se transmite à F1 ATPase através do eixo. A modificação conformacional da F1 ATPase
possibilita a entrada de ADP (adenosina
monofosfato) e Pi (fosfato
inorgânico) nos domínios da estrutura proteica possibilitando a união destes
substratos para formar ATP. É nesta fase de transição que entra o flúor
bloqueando a formação de ATP. Na verdade o flúor na forma de íon fluoreto é o
radical ativo que interfere em muitas reações enzimáticas ou não das células.
Muitas vezes age apenas como íon fluoreto e outras vezes associado à outros
radicais ou com metais. Neste caso em particular da inibição da síntese de ATP
pela ATP sintase o flúor se apresenta associado ao alumínio formando o complexo
– FLUOROALUMINATO – mononegativo, que apresenta uma semelhança estrutural com o
fosfato inorgânico e por essa razão consegue enganar a F1 ATPase, impedindo a
ligação do ADP com o Pi. Qual a conseqüência da inibição da síntese de ATP
para o balanço REDOX da célula? Acontece que a inibição da síntese de ATP
provoca um desequilíbrio das concentrações relativas de ADP/ATP e como
resultado a célula acelera o seu metabolismo oxidativo para compensar este
desequilíbrio aumentando o fluxo de elétrons
pela cadeia respiratória. Contudo este aumento do fluxo de elétrons produz um
excesso de elétrons na cadeia respiratória alterando as reações colaterais da
cadeia com produção de excesso de espécies de oxigênio reativas (ROS) altamente
reativas e que vão oxidar sustâncias da estrutura celular como lipídios,
proteínas e DNA, ao que chamamos de – ESTRESSE OXIDATIVO. Então, o fluoreto é
um agente estimulador de íons peróxidos e, portanto, um produtor do estresse
oxidativo, altamente prejudicial às células. Por essa razão dizemos que o
fluoreto é uma agente citotóxico, particularmente para as células do Sistema
Nervoso Central, que são muito sensíveis ao estresse oxidativo. ( Clique
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