Nós,
brasileiros, estamos profundamente entristecidos e penalizados com a tragédia
do rompimento da barreira de detritos do Distrito de Mariana, Minas Gerais.
Neste momento de desespero daqueles que foram colhidos por esta tragédia queremos
oferecer os nossos mais profundos sentimentos de solidariedade e confiança em
Deus, pois é nesses momentos de angústia e desespero que devemos nos socorrer
da misericórdia Divina. Não queremos neste momento tão doloroso para os nossos
irmãos que estão passando por angustiosa provação imputar a responsabilidade a
quem quer que seja, pois o momento não
comporta críticas e sim a solidariedade. Todavia, se a tragédia de Mariana
comoveu o povo brasileiro com a desgraça de nossos compatriotas, o que é muito
justo e meritório, no entanto, existe uma outra tragédia que embora não seja
tão ostensiva, mas nem por isso menos desastrosa, que avassala todo o país e
cujos efeitos são mais danosos porque não atingem somente os corpos, mas
principalmente a alma. Estou me referindo ao rompimento da barragem da
indecência e da imoralidade que se acumulou durante décadas e que agora espalha
a lama da corrupção para todos os recantos deste país. Esta catástrofe não
somente compromete o modo de vida dos brasileiros tornando-a cada vez pior em
todos os sentidos por estarem mais restritas as oportunidades de trabalho como
também o custo de vida quase que insustentável para a classe mais baixa mesmo
com a ridícula esmola oficial. A sociedade brasileira foi dividida em classes separadas
como se houvesse distinção entre o povo desta nação. Assim, temos a classe
privilegiada pelas próprias leis que criam em defesa de seus interesses e estão
a salvo da justiça que ajusta legalmente a vida do cidadão comum. Os poderosos
das finanças que usufruem de privilégios do governo mediante vultosas propinas.
A classe média que carrega o ônus de manter o país pelo trabalho e pelos escorchantes impostos e finalmente a classe pobre que vive na dependência das
outras classes. Este é o estado de calamidade em que vivemos atualmente num país
que poderia ser de primeiro mundo, mas que foi soterrado por uma avalanche de
detritos da imoralidade dos responsáveis pela nação.
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